O governo vai subir impostos e aumentar a conta de luz no ano que vem para cobrir o rombo bilionário dos gastos com as usinas térmicas. Choveu pouco, a energia ficou mais cara. A conta de luz em si só vai aumentar ano que vem, mas vai ser paga com dinheiro público dado pelo contribuinte.
Faltou chuva, os reservatórios baixaram e as térmicas - que produzem energia mais cara - foram acionadas. Com isso, as distribuidoras tiveram os custos aumentados. Na quinta (13), a novidade: a ajuda do governo ao setor vai pesar no bolso do contribuinte.
“Aumentos programados de alguns tributos que serão implementados ao longo do ano e via a complementação do Refis que nós fizemos no ano passado”, afirmou o ministro Guido Mantega.
Refis é o programa de refinanciamento de dívidas tributárias das empresas, que engordou as contas do governo em 2013. Mas não é só. Além dos R$ 4 bilhões do Tesouro, mais R$ 8 bilhões virão de empréstimos bancários para que as distribuidoras paguem as dívidas com as geradoras, e isso vai ter impacto na conta de energia.
Esse reajuste na conta de luz foi adiado para o ano que vem. Ninguém no governo quis fazer projeções sobre valores. Diz que vários itens precisam ser calculados. Entre eles, o impacto dos leilões que poderão reduzir o custo da energia comprada pelas distribuidoras e a chuva que vai determinar o uso maior ou menor das termelétricas.
“O efeito para o consumidor, como foi dito, ele pode ser positivo, pouco positivo, negativo. Não podemos hoje dizer qual será o processo tarifário do ano que vem por esse conjunto de fatores que precisamos esperar para fazer o cálculo”, afirmou o presidente da Aneel, Romeu Rufino.
O governo já tinha R$ 9 bilhões disponíveis para ressarcir as distribuidoras. Somando tudo, o socorro ao setor elétrico chega a R$ 21 bilhões.
Ao final da entrevista de anúncio do pacote bilionário, as autoridades do setor elétrico foram questionadas sobre a gravidade da crise e se o risco de racionamento está totalmente descartado esse ano, mas não deram uma resposta concreta.
Depois o silêncio e da surpresa com a pergunta, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, falou sobre o risco de racionamento. Ele mencionou a nota oficial que o ministério divulgou na quarta-feira, onde essa possibilidade é considerada baixa. Lembrando que em outra nota divulgada em fevereiro esse risco era apontado como baixíssimo.
O Bom Dia Brasil ouviu um especialista em assuntos do setor elétrico. Adriano Pires disse que faltou no pacote medidas que ajudassem a diminuir o consumo de energia.
“Não tem nenhuma outra medida no pacote que incentive a população a poupar energia neste momento tão importante. Então o pacote, na realidade, não trouxe o que o mercado esperava. O mercado esperava que o governo anunciasse medidas concretas que diminuíssem o ritmo de crescimento do consumo brasileiro neste momento, e isso não aconteceu. São R$ 21 bilhões que o governo está dizendo que vai colocar para segurar as tarifas de energia elétrica. Ponto positivo eu não vi nenhum”, afirmou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que as medidas foram tomadas para atenuar os problemas e dividir o ônus entre a união, os consumidores e o sistema elétrico.
Bom dia Rio Jornal da Globo. Foto Divulgação internet