Gostaria de iniciar a nossa primeira coluna de 2015, fazendo uma reflexão sobre o que tem acontecido com as pessoas com relação ao HIV.
Marco Avellar, Coordenador DST/AIDS-Porciúncula
Me parece que existe uma banalização da doença com relação ao comportamento de risco, a não aceitação do diagnóstico e a “fuga” ao se buscar o diagnóstico precoce que auxilia no avanço do vírus e transmissão.
Inaceitável o que vem acontecendo com essa juventude e com pacientes com HIV. Quase todo o dia fico tentando imaginar o que fazer para mudar essa situação que estamos vivenciando. Um retrocesso da epidemia de 30 anos atrás?
O problema maior é que há uma enorme diferença. Falta força, falta coragem e determinação desses jovens e pacientes de agora para enfrentarem o diagnóstico. Uma total incoerência, exatamente por que agora temos todos os recursos para vencer. Por quê? Falta amor próprio?
O avanço tecnológico afastou as pessoas. E não funciona! Os jovens, como sempre, pensam que sabem tudo, são invencíveis, são invulneráveis, porém quando têm qualquer problema não sabem nem como dar o primeiro passo. Não têm estrutura pra enfrentar nem um simples término de namoro, uma briga com os pais, que dirá um diagnóstico de infecção pelo HIV. E agora? Onde vamos parar? O que fazer? Quantas pessoas vão se infectar porque nem tentam se prevenir? Quantos vão morrer por que não têm coragem de aceitar o diagnóstico, não buscam ajuda, não falam sobre o diagnóstico nem para si mesmos por MEDO de tudo e de todos! O que é isso?
Precisamos unir forças para conseguir mudar essa situação. Não podemos continuar perdendo pessoas vítimas do preconceito, da discriminação e de seus próprios medos e da negação do diagnóstico.É um verdadeiro absurdo em nosso país, considerado ponta no tratamento do HIV, ter um aumento de 11% de jovens contaminados em 2014.
Aderir ao tratamento para a AIDS, significa tomar os remédios prescritos pelo médico nos horários corretos, manter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, comparecer ao serviço de saúde nos dias previstos, entre outros cuidados. Quando o paciente não segue todas as recomendações médicas, o HIV, vírus causador da doença, pode ficar resistente aos medicamentos antirretrovirais. E isso diminui as alternativas de tratamento.
Seguir as recomendações médicas parece simples, mas é uma das grandes dificuldades encontradas pelos pacientes, pois interfere diretamente na sua rotina. O paciente deve estar bem informado sobre o progresso do tratamento, o resultado dos testes, os possíveis efeitos colaterais e o que fazer para amenizá-los. Por isso, é preciso alertar ao médico sobre as dificuldades que possam surgir, além de tirar todas as dúvidas e conversar abertamente com a equipe de saúde.
Para facilitar a adesão aos medicamentos, recomenda-se adequar os horários dos remédios à rotina diária. Geralmente os esquecimentos ocorrem nos finais de semana, férias ou outros períodos fora da rotina. Utilizar tabelas, calendários ou despertador, como do telefone celular, facilita lembrar os horários corretos para tomar os remédios.
Como ajudar o soropositivo a enfrentar suas dificuldades e a lidar com situações de estresse por conta da doença? São duas ações de apoio oferecidas: afetivo-emocional e operacional. O afetivo-emocional inclui atividades voltadas para a atenção, companhia e escuta. Já o operacional ajuda em tarefas domésticas ou em aspectos práticos do próprio tratamento, como acompanhar a pessoa em uma consulta, buscar os medicamentos na unidade de saúde, tomar conta dos filhos nos dias de consulta, entre outras. Ambos fazem com que a pessoa se sinta cuidada, pertencendo a uma rede social.
A troca de experiências entre pessoas que já passaram pelas mesmas vivências e dificuldades no tratamento, também conhecido como ação entre pares, também ajuda a promover a adesão, pois possibilita o compartilhamento de dúvidas e soluções e a emergência de dicas e informações importantes para todos.
O suporte social pode ser dado por familiares, amigos, pessoas de grupo religioso ou integrantes de instituições, profissionais de serviços de saúde.
Com o avanço do tratamento e a modernização de técnicas para conter o vírus é inadmissível que pessoas continuem morrendo em decorrência de HIV/AIDS.
Outro fator de extrema importância é a realização do diagnóstico precoce do vírus, que só ocorre quando se realiza o teste anti HIV, com as facilidades de hoje, com resultados em 15 minutos é possível conter a epidemia, e a prevenção é fator fundamental na contenção da epidemia no mundo, que vem sofrendo um retrocesso com relação ao aumento dos casos. A informação e acesso ao diagnóstico e tratamento estão disponibilizados, mas infelizmente as pessoas preferem se arriscar e pior ainda ignorar que se expuseram a uma situação de risco.
Em 2015, seja consciente, se preserve, faça o teste e FIQUE SABENDO.
Pense bem, caso você acertasse na mega sena, não gostaria de saber logo e usufruir seu prêmio?
Com o HIV/AIDS temos de pensar da mesma forma, quanto antes souber melhor a qualidade de vida.
Marco Avellar/Blog do Tribun